Maria Montessori inicia seu trabalho opondo-se a muitos paradigmas arraigados na sociedade, como por exemplo, o cuidado com a criança, seja ela quem for. Sua trajetória inevitavelmente desaguou na Educação e resultou no que posteriormente foi se entendendo por filosofia e método.
Nosso método quebra com as antigas tradições: aboliu a carteira escolar, porque a criança não deve estar quieta escutando as lições docentes; aboliu a cátedra, pois a professora não tem que dar lições coletivas, necessárias nos métodos comuns. Isto é o primeiro ato externo de uma transformação mais profunda, que consiste em deixar a criança livre para que aja segundo suas tendências naturais, sem nenhuma sujeição forçada nem programa algum e sem os preceitos pedagógicos fundados nos princípios “estabelecidos por herança” nas antigas concepções escolásticas. (MONTESSORI, 1939, p. 21, em tradução livre do espanhol por Luiza Destefani).
Proporcionar que uma criança seja livre implica em estimular sua autonomia. E este parece ser o tema de maior dificuldade adulta, bem como romper com a “sujeição forçada”. O desafio de promover que a criança possa fazer algo sozinha implica em admitir que ela não dependa totalmente do adulto e esse movimento interno mexe com o ego da maioria. “Quando se deixa aberto o caminho da expansão, a criança demonstra uma atividade surpreendente e uma capacidade verdadeiramente maravilhosa de aperfeiçoar seus atos” (MONTESSORI, 1939, p. 14, em tradução livre do espanhol por Luiza Destefani). O que não quer dizer abandoná-la e sim refletir nas intencionalidades de ações para com a criança.
Promovendo e permitindo a liberdade nos ambientes educativos (escola, casa, etc.) é possível estimular indiretamente a autonomia que vão das coisas mais simples e banais às mais complexas, um bom exemplo do primeiro caso é servir-se de água, lavar a louça ou mesmo acomodar-se numa cadeira diante da mesa, no segundo caso pode-se citar o amarrar os cadarços do sapato ou transportar uma cadeira. Por incrível que pareça realizar com autonomia cada um dos exemplos citados traz satisfação única à criança, mas como se chega a isso? É necessário que a criança tenha a oportunidade de observar claramente como fazer, reitero: observar e não ouvir, quanto mais nova, mais necessita observar, sem que seja necessário falar para que compreenda. Algumas tarefas cotidianas naturalmente são observadas, outras precisam de preparo e uma apresentação formal, segundo a perspectiva montessoriana. Este cuidado faz com que a criança se sinta segura em tentar e diminui o desapontamento com a frustração.
Referências bibliográficas:
MONTESSORI, Maria. Manual práctico del método Montessori. Barcelona: Casa Editorial Araluce, 1939.
MONTESSORI, Maria. Da infância à adolescência. Tradução de Sonia Maria Alvarenga Braga. Rio de Janeiro: ZTG Editora, 2006.
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