Jaqueline Santos, 46 anos, é professora desde 1997, quando concluiu o Magistério. Atualmente, em Camaquã-RS, é supervisora do Ensino Médio em uma escola da rede estadual e professora da pré-escola na rede municipal de Educação. Graduada em Biologia, pós-graduada e especializada em Meio Ambiente, Supervisão e Gestão Escolar, Jaqueline conheceu o Método Montessori em 2004 e mergulhou fundo nesta filosofia. Confira!

Como e quando foi seu primeiro contato com o Método Montessori?

Em 2004 uma empresária e empreendedora Camaquense adquiriu o prédio e todas as benfeitorias das Irmãs Bernardinas, responsáveis pela tradicional “Escola das Irmãs”, que estava encerrando o trabalho educacional no município. Então foi criada a Escola Mundi Lucere. Fui convidada para a coordenação pedagógica e também trabalhei como professora da pré-escola. Antes de inaugurar a escola, uma pesquisa feita pela proprietária e pela diretora pedagógica buscou saber qual metodologia poderia realmente proporcionar às crianças, vivências significativas com aprendizagens concretas, que contribuísse para o desenvolvimento integral dos pequenos. E a Metodologia Montessoriana foi a escolhida.

Eu não tinha conhecimento algum, então a escola me proporcionou vários cursos para que pudesse conhecer, compreender a forma de utilizar os materiais, organizar os ambientes, estudar e aplicar nas práticas pedagógicas, no dia-a-dia. A escola estava estruturada fisicamente, com os materiais estruturados e dentro do padrão. Mas Montessori é científico, então é estudo contínuo. A escola foi um sucesso nos anos que permaneceu em funcionamento mas teve suas atividades cessadas. O legado ficou e em 2009 a Rede Municipal de Ensino de Camaquã adotou o método nas escolas de educação infantil. A partir daí foi trabalho de formiguinha, por que Montessori tem que nascer dentro do educador.

Então, desde 2004 eu venho estudando, compreendo a metodologia e a forma de inserí-la dentro do contexto atual de escola e com adaptação, na ausência de materiais, pois nem sempre o material é o que fará ´acontecer` o Montessori, o ´acontecer` está mais baseado na postura do professor, na rotina da aula e nos princípios montessorianos.

Como vê a chance de aplicá-lo na sala de aula da rede pública?

Muito viável, possível e necessário, pois as crianças de zero a seis anos precisam receber os estímulos adequados para que se desenvolvam plenamente. A criança é corpo, movimento, linguagem, pensamento e apresenta uma MENTE ABSORVENTE, como conceitua Maria Montessori. Com base na metodologia, toda escola pública ou particular tem condições de organizar um ambiente preparado, com materiais que auxiliem a criança a trabalhar de forma independente e autônoma. Desde que todos estejam engajados. Para tanto, é necessário muito estudo e dedicação por parte dos professores e equipes diretiva e de funcionários. Montessori é uma filosofia de vida para a vida.

E qual o impacto de Montessori em sua vida?

É maravilhoso, por que quanto mais estudo e mais me dedico em uma rotina organizada e pautada na metodologia, na filosofia e nos princípios montessorianos, quanto mais me dedico na produção e organização de materiais apropriados, organizados e bem distribuídos pelas áreas da Vida Prática, Sensorial, Matemática, Educação Cósmica e Linguagem, me dedico na preparação do ambiente e isso inclui a sala da pré-escola, saguão da escola, refeitório, pátio, percebo que minhas crianças apresentam RESPONSABILIDADE – CONCENTRAÇÃO – HABILIDADES EM DESENVOLVIMENTO PLENO – AUTONOMIA e CONHECIMENTO. Tudo isso porque exercitam a “Livre Escolha” dos materiais, das atividades e as desenvolvem com muita vontade e dedicação.

Como você enxerga o impacto de Montessori no futuro dessas crianças e de toda Camaquã?

A metodologia Montessori contribuí para a formação do homem. O maior investimento que podemos fazer pela humanidade é investir na INFÂNCIA, na EDUCAÇÃO INFANTIL, no “educar” e “cuidar”. E a metodologia Montessori respeita a criança em formação, respeita ela como ser humano. E desta forma, contribuindo para a criança em formação estaremos garantindo para o futuro das nossas cidades, adultos mais preparados intelectualmente e emocionalmente.