A pedagoga Talita Veronezi conheceu o método Montessori em 2015 quando engravidou de sua primeira filha. Desde então buscou cada vez mais conhecimento, fez cursos, se especializou e passou a transmitir este conhecimento a outras pessoas. Hoje, aos 36 anos, de Ribeirão Preto-SP, onde mora, Talita trabalha como guia Montessori e mentoria para famílias que querem adotar o método em suas vidas. Confira!

 

Como você conheceu o Método Montessori?

Em 2015, quando engravidei, ouvi falar na “cama Montessori” em um grupo de mães e comecei a buscar o que era Montessori. Encontrei o Gabriel Salomão, do Lar Montessori, entrei para os círculos de estudos e em 2017 iniciei a minha segunda graduação em Pedagogia. Então convidei o Gabriel para me orientar em um grupo de estudos aqui na minha cidade. Foi um ano de muitas descobertas e desde então não parei de estudar.

Pode falar um pouquinho sobre sua formação?

Em 2018 fiz o curso de Introdução ao Método Montessori do Gabriel e depois que descobri os cursos de formação, busquei uma oportunidade de ir para o Centro de Formação Montessori de São Paulo (CEMSP), onde estudei para a formação de Guia Montessori 3 a 6 anos. Finalizei o curso em janeiro de 2021. E senti que realizei um sonho.

Em julho fiz o curso de Orientação Montessori 6 a 12 anos da AMI, mais conhecido como curso de assistente, promovido pelo Jardim da Descoberta (Portugal). E mais uma vez me senti muito honrada de dar mais um passo nessa caminhada de estudos em Montessori, que é muito longa.

Além dos cursos formais, eu tenho um grupo de estudos (Despertar Diário Montessori) desde 2020 com uma parceira da área (Sheila Nogueira). Estudamos online os livros da Montessori capítulo a capítulo juntamente com mais de 30 pessoas de diferentes partes do Brasil e até de fora do país.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar como guia e mentora de famílias que querem adotar o Montessori?

Com a formação e uma busca cada vez maior por profissionais qualificados no método, eu tive muitas oportunidades de trabalhar em sala. No entanto, por conta da pandemia acabei fazendo apenas o trabalho online, que não é o mundo ideal, mas com o intuito de oferecer o melhor possível às crianças me dediquei bastante nesse processo.

Em paralelo montei uma sala para minha filha de 5 anos em casa. Começamos quando ela tinha 4 anos, a fim de não a tirar da rotina que ela estava habituada e continuar oferecendo a educação Montessori para ela. Compartilhei muitos dos nossos trabalhos no @diariomontessori e com isso muitas amigas e mães do meu perfil pediram auxílio para oferecerem uma oportunidade parecida para seus filhos. Então comecei a atender algumas famílias individualmente, tentando proporcionar não uma sala de aula Montessori para essas crianças, mas oportunidades de desenvolverem-se de acordo com suas necessidades, mesmo diante deste cenário atípico em nossas vidas.

E quais os principais desafios?

O maior desafio é criar o encantamento na criança que está do outro lado da tela. Para isso vale muito mais a participação do adulto que está com a criança do que a criança em si, pois é esse adulto que irá me auxiliar preparando o ambiente adequado tanto para que eu consiga conversar com a criança, quanto para que ela tenha o que explorar no momento da nossa conversa. 

A mentoria pode não envolver a criança também, e ser dedicada apenas aos adultos que estão com ela.

 

De que forma as famílias que usam o Método, e as crianças, principalmente, conseguem lidar melhor com o momento em que vivemos?

Para mim, a melhor forma é criar uma rotina consistente, em que a criança possa participar, se não o tempo todo, ao menos a maior parte do tempo. Aqui funciona muito bem quando envolvo a minha filha nas atividades domésticas, não como uma obrigação, mas como uma função de bem comum. A atividade de um pode beneficiar o outro e vice versa, quando a criança se sente beneficiada também, ela irá ajudar com grande prazer.

Além disso, para crianças entre 3 e 6 anos eu acho importante oferecer ao menos uma atividade intelectual por dia, não necessariamente um período longo, mas cerca de 30 / 40 minutos de atividade dirigida por dia, com atenção do adulto total para essa criança. Pode ser uma leitura em voz alta, uma atividade de arte, uma atividade de coordenação motora e de raciocínio. Importante também uma atividade física ou passeio ao ar livre, por que a criança nesta fase necessita muito manter o corpo em movimento.

Muitos ainda têm certa resistência ao método. Acreditam que é algo da elite e de pouco acesso aos que têm uma vida mais simples. Por quê?

Não sei mensurar a resistência ao método, mas acredito que as pessoas que resistem ou não gostam é claramente porque não conhecem a filosofia que tem por trás do método Montessori. Não deveria existir resistência para “uma ajuda à vida”.

 

Paulo Prudente, reportagem e texto.