Este pode ser considerado um dos temas mais complexos trazidos por Maria Montessori. Sua base vem claramente dos experimentos de observação científica realizada ao longo de sua trajetória, expressa, sobretudo, em seu livro “Mente absorvente”. Mostrando que ser proporcionada por ações indiretas do adulto preparado para atuar em sua perspectiva educacional.

Tanto o gênio quanto o mais humilde dos indivíduos deve, para ser psiquicamente são, usufruir de funções mentais normalmente estabilizadas, deve ser psiquicamente sadio. Hoje, a maioria das crianças que encontramos são instáveis, preguiçosas, desordenadas, violentas, teimosas, desobedientes, etc.: são funcionalmente doentes. Mas, podem curar-se submetendo-se a uma espécie de higiene mental. Elas podem se normalizar. Nesse caso, elas se tornam crianças disciplinadas capazes de apresentar muitas surpresas felizes. Nessa normalização, as crianças não se tornam “obedientes a um professor que as instruiria e as corrigiria”, mas encontram seus caminhos nas leis da natureza: elas começam a funcionar normalmente, e assim podem revelar ao exterior aquela espécie de psicologia que, como no caso do corpo, situa-se no interior, num labirinto complicado dos órgãos psíquicos. (MONTESSORI, 2018, p. 35, grifos da autora).

Algo, então, que nitidamente advém de estudos da antropologia e psicologia. Percebido pela referida autora como um aspecto conquistado pela criança ao se tornar independente, por intermédio de seus interesses e motivações internas. A normalização é concebida por quatro características básicas:

  •         amor pelo trabalho;
  •         concentração;
  •         autodisciplina
  •         sociabilidade.

Por mais que seja fácil elencar tais características após a leitura de suas obras, todas estão enredadas em um todo complexo.

Segundo Montessori ([1949?]), manter uma constância no trabalho e a liberdade de escolha promovem a disciplina espontânea, como se alguns comportamentos indesejáveis fossem diminuindo naturalmente, dando espaço ao desenvolvimento integral e com inúmeros significados internos. “Produz-se sempre quando a criança está concentrada numa atividade; não é que quem ensina incite a criança preguiçosa ao trabalho, basta só que lhe facilite o contato com meios de atividades presentes no ambiente preparado para ela” (MONTESSORI, [1949?], p. 169). Tornar o meio em que está e os trabalhos que oferecemos atrativos aos olhos de cada criança é o desafio do guia montessoriano para que alcancem sozinhas à normalização.

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Referências bibliográficas:
MONTESSORI, Montessori. Mente Absorvente. Tradução de Pedro da Silveira. Rio de Janeiro: Portugália, [1949?].
MONTESSORI, Montessori. Formação do Homem. Campinas: Kírion. 2018.

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