A fisioterapeuta Tatiana Neves Vargas, 38 anos, mora no interior gaúcho. Em contato permanente com a natureza e sem o ritmo frenético de uma metrópole, cria os filhos Miguel e Gael, de 6 e 4 anos. Mas nem sempre foi assim. Tudo mudou durante a pandemia quando decidiu se aprofundar no estudo do Método Montessori, que conhecera tempos atrás. Confira!

´´Meu primeiro contato superficial com Montessori foi quando nosso primogênito, o Miguel, tinha um aninho.  Estava vivendo uma fase muito desafiadora com ele e não sabia como agir. Percebi que precisava estudar para ser mãe e comecei a buscar informações e cursos.

Na época ainda tinha crenças de que era a criança que deveria se adaptar à nossa vida adulta e corrida. Achava que tinha algum problema comigo ou com ele por não conseguir atender essa expectativa.

Então conheci Maria Montessori, através dos cursos com Gabriel Salomão e Isa Minatel. Fiquei encantada com essa visão da infância e sua importância.

Comecei a me questionar se a vida era só trabalhar e conquistar, terceirizar os cuidados com os filhos, aquela correria sem fim. E com tantos desafios e novas decisões, comecei a traçar novos objetivos e metas. Uma vida com mais presença, mais conectada com a demanda e necessidade da criança.

Então veio a pandemia! Nos isolamos no sítio e, com duas crianças pequenas, comecei a me aprofundar nos estudos e livros de Montessori para aplicar com as crianças.

Então transformamos uma casa tradicional com armários com trancas, berços de guarda altas, objetos guardados no alto e caixas com excesso de brinquedos em um lugar com livre acesso, ensinando às crianças, cuidados, organização, manuseio e perigos. Logo nas primeiras semanas já notamos diferenças: as crises emocionais diminuíram, estavam mais independentes, queriam ajudar em todas as tarefas da casa, aumentaram a capacidade de tomar decisões, passavam mais tempos concentrados e estavam mais criativos.

Quanto mais estudava e aplicava o conhecimento, mais eu percebia as mudanças em toda a família. Estávamos mais conectados, havia mais presença, mais ser e estar. Eu precisava SER para ensinar e isto trouxe muito autoconhecimento.

Resolvemos nos mudar para uma cidade menor, no campo, sem trânsito e correria. Acompanhando o ritmo da criança, aprendemos a contemplar o momento. Apreciar os filhos livres para entrar e sair de casa, correndo no campo até cansar, risadas em cima das árvores, colher as frutas direto do pé, conectadas com a natureza, observando seus ciclos na vivência, na experiência do tocar e do sentir. Do respeito aos animais e vegetais.

Montessori salvou meu maternar, tornando tudo mais leve e fluido. Entender qual período sensível estão passando, como agir e ser o adulto preparado que eles merecem. Observar as potencialidades de cada um e criar condições de explorarem e vivenciarem isso de forma mais intensa.

Me apaixonei por criar atividades conforme seus interesses, de vê-los ter amor e curiosidade por aprender. E quanto mais estudo sobre essa mulher inspiradora, mais vem a vontade de se aprofundar, maior o fascínio pela infância, essa fase tão importante em que todas as crenças absorvidas aqui regem à nossa vida adulta.

E aos poucos um sonho vem sendo alimentado, de trocar de profissão, de seguir esse caminho tão lindo que é cuidar e guiar os pequenos!“