Em 21 de março celebrou-se o Dia Mundial da Infância. Em Paraty-RJ, a Secretaria Municipal de Educação (SME), através do Núcleo de Educação Infantil, realizou o 4° Encontro para as Famílias, onde foi abordado o desenvolvimento infantil e a importância da relação parental. O encontro foi conduzido pela guia montessoriana e mestre em psicologia, Mona Ramos.

´´Acreditamos que o caminho traçado deve sempre buscar as famílias como parceiras fundamentais para uma educação de qualidade, tendo como foco principal a criança e suas infâncias“, disse Sebastiana Santos, articuladora de projetos educacionais da SME de Paraty.

Na véspera, 20 de março, a SME promoveu uma formação para diretoras(es), coordenadoras(es), professoras(es), agentes de limpeza, agente de alimentação escolar e recreadoras(es), também guiado por Mona Ramos. Um importante movimento de inclusão de toda equipe escolar no processo de formação continuada, considerando que todos participam ativamente do processo de educação das crianças.

´´O Núcleo de Educação Infantil gostaria muito de expandir os encontros sobre o desenvolvimento infantil para as demais esferas da sociedade civil, por entender que todos fazemos parte desse processo“, completou Sebastiana.

Mona Ramos falou sobre seu trabalho em Paraty:

´´Estive em Paraty recentemente para retomar um processo em que estamos juntos há mais de um ano. Fazendo treinamento e capacitação dos professores da rede municipal. Primeiro fizemos de três a seis anos e agora de 2 a 3 anos, que são o público da creche.

Além de treinar os professores, meu trabalho também inclui orientar os pais, descrevendo a eles o que está acontecendo e fazer com que entendam esta transformação na educação dos filhos deles. Além de orientá-los de como fortalecer isso em casa. Faz parte do processo educar esta comunidade inteira.

Para nós, que atuamos em Montessori, ter este processo acontecendo em Paraty é de uma relevância extrema. A gente sabe que a educação Montessori ficou reduzida a centros particulares e também a núcleos escolares muito caros. Acaba sendo uma educação acessível apenas aos mais ricos. Mas Maria Montessori criou o método e sua primeira escola lá no bairro de São Lourenço, em Roma, para a população mais pobre. Então é como se estivéssemos voltando ao fundamento principal do nosso movimento, da nossa revolução, que é alcançar todas as crianças, principalmente as mais pobres, que estão em vulnerabilidade ainda maior. Ter isso acontecendo em uma rede pública como a de Paraty, para todas as crianças da educação pública, é muito forte, e muito potente.

Confiamos muito de que isso vai ter um impacto geracional muito grande. Essas crianças que estão recebendo a educação de respeito, de autonomia, de independência. Uma educação científica baseada numa pedagogia científica vai fazer com que eles tenham ótimos resultados em sua vida inteira. Aí toda uma geração será beneficiada já que todos estão sendo expostos a esta intervenção. A gente sente um movimento muito grande das coordenadoras de educação. Fui a convite da Nina (Sebastiana), que é uma das coordenadoras que está à frente sempre fortalecendo muito este movimento.

Para mim é de uma grandeza extrema já que eu estudei no Método Montessori dos 2 aos 10 anos em uma escola pública da cidade de Uauá-BA, que na época devia ter cerca de 15 mil habitantes. Tinha uma escola montessoriana da prefeitura e eu tenho certeza de que isso transformou algo muito profundo em mim e me fez olhar para a minha vida de um lugar com muito mais autonomia e confiança.

Devolver isso para a sociedade é um grande privilégio e me deixa muito feliz. Estou apaixonada pelo processo e coloco todo o meu amor, a minha energia, o meu apoio e fico feliz em divulgar este trabalho para alcançar e sensibilizar outros contextos que podem fazer o mesmo.´´