Seguindo as diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), este trabalho foi realizado no Centro Municipal de Educação Infantil São Francisco de Assis, Ribeirão Cascalheira (MT), sob a responsabilidade da professora Agda Pereira Marinho.

Esta prática teve como objetivo vencer, desde o primeiro dia na CMEI, a dificuldade de adaptação e interação das crianças, entre choros e mordidas.

Materiais utilizados:

  • brinquedos e jogos que estimulam os sentidos da audição, da visão, do olfato e do paladar;
  • brinquedos confeccionados com sucatas;
  • figuras impressas com alimentos para identificação das frutas e dos legumes;
  • diversas cores de tintas;
  • figuras e sólidos geométricos;
  • massinha de modelar;
  • tinta para pintura a dedo;
  • objetos manipuláveis que não causam riscos aos bebês.

O que foi

O trabalho consistiu na aplicação do método montessoriano, com a seleção, a preparação e a utilização dos recursos didáticos disponíveis na instituição, além de outros confeccionados pela professora. O objetivo foi apresentar às crianças uma variedade de proposições em seu período inicial na creche.

As experiências desenvolvidas contribuíram significativamente para a adaptação e a aprendizagem das crianças, tanto no ambiente escolar quanto fora dele, promovendo a parceria com a família e consolidando o protagonismo dos bebês e o seu desenvolvimento social e humano.

 

Como foi feito

O trabalho assumiu o enfrentamento do desafio de adaptação e promoção de interações entre as crianças desde o primeiro dia na creche.

Foram duas as etapas de trabalho:

    1. Diagnóstico.

      Nessa fase, analisamos as crianças durante a realização de atividades coletivas e individuais. Observamos que algumas crianças deixadas na sala de aula choravam, ficavam estressadas e mordiam colegas. Outras não queriam participar das atividades do dia e rejeitavam a mamadeira e as refeições. Percebemos, portanto, pouca interação dessas crianças com os colegas da turma e com as professoras.

      De certa forma, minha maior dificuldade era saber lidar com essa diversidade de comportamentos e, ao mesmo tempo, desenvolver uma prática pautada no desenvolvimento integral das crianças.

    2. Adequação da rotina.                                                                                                                                                                                                                                                                                         A segunda etapa consistiu na adequação da rotina de acordo com as ideias de Maria Montessori. Segundo ela, na faixa etária de um a dois anos, a ênfase é na educação dos sentidos e do movimento, o que significa incluir nas atividades elementos que sirvam de estímulo para os cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) e para o desenvolvimento da coordenação motora ampla e fina.

 

No decorrer da experiência, a criança é liberada para brincar movida pela curiosidade natural, num ambiente preparado para que os estímulos sejam apropriados ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e socioafetivo. Ao final, percebe-se uma significativa melhora de adaptação e aprendizagem.

Montessori afirma, ainda, que as crianças têm uma poderosa tendência a repetir atividades que ocupam sua atenção, e é essa repetição que promove independência, coordenação, concentração e comportamento calmo.

Dentre os momentos significativos na escola, tivemos algumas atividades prazerosas, como o uso de brinquedos e livros sensoriais, a realização de brincadeiras ao ar livre, o banho nas bonecas e o circuito dos carrinhos.

Os bebês amaram os brinquedos e gostaram de fazer caminhadas, explorando o ambiente externo. Também aproveitaram bastante as aulas de artes e as atividades de motricidade fina.

Durante as atividades individuais, tive o cuidado de criar um clima agradável e motivador. O objetivo foi fazer com que cada criança se sentisse mais livre para desenvolver a escrita e seu protagonismo, e realizar descobertas pessoais, sem que eu apontasse erros ou acertos.

Busquei parceira com a instituição e com as famílias, na busca de uma solução imediata para a adaptação ao CMEI.

Em casa, as famílias deveriam criar pequenas tarefas para seus bebês. A equipe pedagógica se dispôs a ajudar, dando o suporte necessário para a compra de materiais pedagógicos e a execução do trabalho.

O diálogo com as famílias se dava no momento da chegada ou da saída das crianças. Quando não havia tempo, a comunicação acontecia por meio de recadinhos escritos e entregues ao final do expediente. Os assuntos eram os mais variados, como empréstimo de brinquedos da instituição para as crianças mais carentes e solicitação para que trouxessem bonecas para a escola.

Essa parceria contribuiu bastante para o desenvolvimento das crianças. Algumas delas não queriam fazer nada em sala de aula. Em casa, contudo, faziam várias coisas sozinhas.

Para analisar a experiência, utilizei a avaliação contínua e processual, visando obter melhores resultados. Como recurso, utilizei o registro no caderno de campo e as fichas de acompanhamento individual.

De modo geral, as expectativas de aprendizagem fluíram de forma satisfatória. As brincadeiras ao ar livre, as aulas de artes, o uso de brinquedos montessorianos e a promoção do protagonismo infantil foram metodologias imprescindíveis na execução da proposta, em que a mudança de rotina e a adequação das práticas desafiadoras possibilitaram a motivação e a interação escolar.

O período de adaptação é fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento. Dessa adaptação, dependem a consolidação de uma relação de confiança, num ambiente seguro e acolhedor, e a construção das condições adequadas para que os bebês possam interagir e explorar o ambiente com autonomia.

Por isso, é importante selecionar previamente materiais que tenham mais potencial para a exploração autônoma dos bebês.

Uma dica importante é continuar observando os bebês em suas atividades, uma vez que eles aprendem, desenvolvem-se e mudam seus interesses, o que pode levar a alterações no processo escolar.

Também é importante seguir essas dicas na adaptação da jornada das crianças na creche ao longo do ano. Muitos fatores podem exigir novas adaptações, como a conquista de uma maior autonomia (quando os bebês já podem andar), a chegada de colegas novos ou mudança de alguma professora.

Nesses casos, a sugestão é sempre equilibrar as adaptações de ambos os lados: as crianças vão se habituando aos novos tempos e espaços institucionais e a escola, por sua vez, vai se adequando às necessidades e aos novos desejos dos bebês em desenvolvimento.

É importante que as famílias façam registros sobre a primeira experiência dos bebês fora de casa. A confecção de painéis ou álbuns com fotografias das crianças ao longo do tempo ajuda na construção da narrativa e da memória das crianças. Possibilita às famílias também compartilharem os cuidados com os bebês e se manterem informadas a respeito dos processos de aprendizagem e desenvolvimento.

Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/educacao-infantil/186-adaptacao-e-aprendizagem-e-o-metodo-montessoriano