Sebastiana Belmira da Silva Santos, 66 anos, é articuladora de projetos institucionais e integra o núcleo pedagógico da Educação Infantil da rede pública de ensino de Paraty-RJ. Mãe de dois filhos e avó de Nilo, 5 anos, e Oliver, 3, a professora Nina Silva, como é chamada, sentiu-se atraída pelo Método Montessori, e pela possibilidade de compartilhar sua abordagem pedagógica nas escolas do município. Confira!
´´Desde que comecei a trabalhar como diretora do departamento de educação infantil do município, busquei inserir pedagogias diversas e inspiradoras, que estimulam a exploração do ambiente externo, a autonomia e a liberdade da criança.
Com essa visão, em 2017 o departamento de educação infantil realizou, inspirado no Instituto Alana, um seminário com a participação de Ghandi Piorski, que falou sobre a exploração dos quatro elementos, e Renata Bergo, cuja palestra foi sobre a transição da educação infantil para o ensino fundamental.
Renata em sua fala citou diversas vezes Montessori e foi aí que tive contato pela primeira vez com essa educadora, me despertando o interesse em pesquisar mais a fundo sobre sua pedagogia. Lamentei profundamente que durante toda a minha formação acadêmica não houve menção ao nome de Montessori, que considero uma pedagogia revolucionária, pois vê a criança como ser humano e rompe com a ideia da educação infantil como um depósito de crianças e como uma simples preparação para a alfabetização.
Ana Luiza Colagrossi, que trabalhou a questão socioemocional na educação infantil através do Projeto Sementes em 2018 no município, fez a ponte entre mim e Paige Geiger do CEMSP. A partir desse contato, estabelecemos uma parceria que promoveu a formação de educadores da educação infantil municipal através de bolsas em cursos ofertadas pelo CEMSP e pelo Lar Montessori.
Fruto dessa parceria, organizamos também um seminário com a participação da Paige Geiger e de Gabriel Salomão, do Lar Montessori, que falaram para aproximadamente 150 educadores da rede em agosto de 2019.
Durante a pandemia, as educadoras Aline Serafim, Elaine Lourenço e Olga Nascimento, primeiras educadoras da rede a fazerem o curso no CEMSP, promoveram encontros online de estudos da pedagogia de Montessori com os educadores da rede. Também oportunizamos encontros online de pais e educadores com autoridades importantes no trabalho e divulgação de Montessori no Brasil, como Marion Wallis, Nieke Coppelmans, Thalita de Almeida e Sheila Nogueira.
Com a volta às aulas presenciais, a Secretaria Municipal de Educação equipou oito salas com materiais montessorianos, incluindo os móveis. Atualmente o município conta com 18 turmas agrupadas, realiza consultoria pedagógica para os educadores da rede municipal, desenvolve formação continuada, capacitando e integrando os educadores ingressantes na etapa da Educação Infantil do município e mantém parceria com CEMSP, capacitando novas guias montessorianas.
O que me atraiu foi poder, através dessa abordagem, privilegiar o desenvolvimento da primeira infância de forma respeitosa. Gosto muito de ler, e acredito ter a capacidade de aprender um conteúdo de forma autônoma e também busco formação com guias capacitados.
Como atuo na articulação da capacitação e na implementação da proposta na rede pública, minha experiência prática consiste em constatar a transformação humanística dos educadores no processo de aprendizagem.
Eu diria que os principais desafios são a formação do adulto e do ambiente preparados. Mas nada que cause desânimo! Pelo contrário, gosto de desafios, por isso estou há mais de 45 anos na educação.
E penso que o maior impacto do Método Montessori é a percepção do papel cósmico da criança no mundo e a responsabilidade de nossas ações no desenvolvimento infantil na formação do homem.“
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