Cientista, programador, físico… Felipe Roquette trabalhava nestas áreas até se deparar com o Método Montessori em determinado momento de sua vida. Hoje, aos 38 anos, depois de um período de muito estudo e trabalho na França, está à frente da Casa da Vida, uma escola montessoriana para crianças de 3 a 6 anos, em Curitiba. Confira!
´´Estudei pedagogia e num texto de uma das leituras havia um pequeno parágrafo que citava Montessori, mas que não me chamou muita atenção. Foi em uma palestra do Gabriel Salomão que algo despertou dentro de mim e aquilo que ele falava teve uma grande ressonância com o que eu acreditava. A partir dali comecei a ir atrás, ver os vídeos dele e o conteúdo do Lar Montessori, com o excelente trabalho que ele faz, importante para o Brasil. Depois comprei livros da Maria Montessori, estudei e decidi fazer o treinamento de profissional Montessori.
Tudo isso começou quando a minha filha nasceu, há 8 anos. Eu pensava em que escola eu ia colocá-la e como ia lidar com a sua educação. Isso foi um grande movimento interno, que resultou numa mudança de profissão. Quando tive que escolher qual treinamento Montessori fazer, tive muita dificuldade. Na internet não encontrava algo que me esclarecesse sobre as diferenças das poucas opções que existiam no Brasil.
Conheci a American Montessori Society, que era muito forte nos EUA e quase optei por esta formação até saber da existência da Associação Montessori Internacional. Mas foi muito difícil escolher por que havia pouquíssima informação. Então entrei em um fórum em que as pessoas discutiam sobre treinamento Montessori nos EUA. Depois de ler uma mensagem de alguém falando sobre estes dois treinamentos, consegui olhar mais claramente para aqueles requisitos que eram importantes para mim. Aí eu vi que deveria optar pela formação da AMI.
Então tive que me preparar financeiramente, organizar o meu tempo… Eu já era casado e tinha uma filha. Me preparei durante alguns anos até conseguir ir para a França, para o Institut Supérieur Maria Montessori, em Lyon.
Antes, tive que aprender francês e para isso foram cinco meses de estudo duas horas por dia. Só assim me tornei apto para o treinamento na França.
Fiz o treinamento 3-6 anos e como para conseguir o visto de estudante era uma baita papelada, aproveitei e já fiz na sequência a formação Montessori de 6 a 12 anos. Foi bem difícil escolher este par de treinamento, mas quando entrei nele vi o quanto é profundo. É um ensino fantástico, em que você mergulha num mundo e num universo infantil para destrinchar detalhes que jamais imaginava. Informações que não passavam nem perto da minha mente.
Trabalhei na França como professor Montessori de 3-6 e também com 6-9 e 9-12. No final, no último ano, pude ver como o trabalho que a gente faz reflete no dia-a-dia da criança e das famílias. A tal ponto de chegar em uma reunião e ouvir a mãe nos perguntar o que fizemos com a filha dela. Eu logo pensei que tivesse acontecido algum problema. ´´Não estou entendendo o que fizeram com a minha filha! Eu falo para ela arrumar o quarto e ela arruma! Falo para ela tirar a mesa e ela tira! Ela agora ela ajuda dentro de casa!“. E essa é apenas uma das várias surpresas positivas: a transformação da casa e da família a partir da transformação que a criança viveu dentro da sala conosco.
Infelizmente, no Brasil Montessori hoje é uma confusão. Muitas pessoas não entendem o que é Montessori e sua profundidade. Não temos muitos treinamentos e o os temos são em outro formato e com outra carga horária em relação à AMI. A compreensão do método é diferente. Ne Europa e nos EUA existem muitos centros de treinamento. Aqui não temos da AMI e vejo como isso impacta na compreensão do que é, de fato, o método. Existe toda a parte teórica e filosófica e também a parte prática sobre o que fazer dentro de uma sala de aula montessoriana. É visível para mim, depois desta experiencia na França, como um treinamento solido é importante para implementarmos o Montessori levando em conta o que a criança realmente precisa. Hoje tenho absoluta certeza de que a paz do Brasil e do mundo, e do local em que eu vivo, do meu quarteirão, está fundamentada naquilo que faço na minha vida e principalmente naquilo que eu faço com as crianças que estão ao meu redor.
A tarefa do professor é trabalhar pela paz e ajudar as crianças a se desenvolverem por que elas crescendo bem, contribuem e colaboram para esta harmonia com o outro, da sociedade, e isso se reflete no mundo.
Antes eu desconfiava que Montessori era o caminho, depois que conheci o método, passei a acreditar em sua teoria, mas quando eu comecei a viver Montessori, pude interagir e crer que ele funciona. Da mesma maneira que eu sei que o sol vai nascer amanhã, eu sei que Montessori ajuda as crianças a se desenvolverem e se tornarem seres espontâneos, respeitosos, felizes, com boa autoestima, entusiastas pela vida, apaixonados por contribuírem com o outro, com o mundo. Com Montessori elas encontram o seu papel na sociedade humana. Montessori não foi só uma mudança de área para mim, foi uma mudança de ponto de vista e de como eu lido com a minha vida e com as crianças ao meu redor. Montessori se tornou um proposito maior, que eu uso para ajudar as crianças tanto aqui em Curitiba, na Escola Casa da Vida, por que eu tenho uma certeza absoluta de que este trabalho com Montessori vai trazer um futuro com mais harmonia e paz.“
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