Aos 42 anos, a neuropsicopedagoga e consultora educacional Luciene Santos se confessa uma pesquisadora encantada e curiosa pelos processos do desenvolvimento da infância. Mãe de Amanda, 8 anos, e Lucca, 5, ela tem vivido a experiência do Método Montessori em sua plenitude e com ele passando pelo desafio de criar os filhos em uma metrópole como o Rio de Janeiro. Confira!

´´Originalmente da área de Química, conheci Montessori através da licenciatura da graduação. Logo me chamou atenção a observação dos processos de aprendizagem propostos por Montessori, o ambiente preparado, os materiais, para que a aprendizagem aconteça de forma natural, orgânica e fluida.

O interesse e a curiosidade pelo método fizeram com que Montessori fosse objeto de estudo para a conclusão da graduação em Pedagogia. Logo depois, como educadora, pude colocar em prática alguns conceitos que tanto despertaram o meu interesse, como o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, de tamanha importância na infância.

Anos mais tarde, tive uma nova oportunidade de viver Montessori, dessa vez como mãe. O maior e melhor projeto e laboratório para observar a potência do olhar Montessori, decidindo praticar a filosofia Montessori no nosso cotidiano.

Meus filhos entraram na escola montessoriana em idades diferentes, minha filha aos sete meses e meu filho com um ano e meio. E podemos observar o ritmo diferenciado no desenvolvimento, na segurança, na autonomia. Poder ver como nossa filha trilhou o seu processo de alfabetização durante a pandemia de forma segura, tranquila, fluida, no seu tempo, só nos fez reafirmar a convicção em Montessori

Ver o desenvolver das habilidades socioemocionais e cognitivas dos meus filhos na prática, de forma prazerosa na infância, alegra meu coração. Validando a importância da formação na primeira infância, como base de um ser humano potente emocionalmente e cognitivamente, como compartilho no livro “Habilidades Socioemocionais”, onde pude colaborar com minhas vivências e experiências, como educadora e consultora.

A compreensão de que a criança é dona do seu processo de aprendizagem, respeitando a sua individualidade, o seu tempo, a sua autonomia, proporciona uma aprendizagem muito mais prazerosa e potente.

Esse olhar humano, individual para a criança, a relação com o mundo, com a natureza, com seus sentimentos, a experimentação no desenvolvimento, só confirmaram a minha decisão por Montessori para o desenvolvimento dos meus filhos.

Uma educação que tem o diferencial no ser humano. E a busca por uma escola que vivenciasse realmente Montessori e partilhasse desses valores foi essencial.

Vejo como principal desafio de Montessori, a decisão por praticar o método na essência, pois querer um olhar de renovação sobre o nosso educar, tanto como pais, como também educadores. Decidir por Montessori requer dedicação, estudo, preparo. Temos que primeiro praticar a autoeducação, para depois auxiliar nossos filhos. E isso requer tempo e dedicação, o que no mundo atual é desafiador.

Porém, principalmente pós-pandemia, a educação passou e passar por uma nova ótica, por valores embasados em uma formação de um ser mais integral, mais rico, mais humanizado, valores latentes em Montessori.

A educação para o futuro, que já é agora, requer diferenciais humanos e pedagogias integrais, com olhar para o indivíduo, como Montessori, ganham cada vez mais espaço e famílias interessadas. As escolas e instituições de ensino necessitam se atualizar e buscar a formação integral da criança se quiserem se destacar, se desenvolver e até mesmo sobreviver a esses novos tempos.“