Olivia Colombino é advogada, pedagoga e neuropsicopedagoga. Mas no Rio de Janeiro, onde mora, atua com o que de fato lhe traz sentido. Ela é guia Montessori (0-3 e 3-6 anos), e dá com consultoria a famílias que buscam adotar o método em casa. Com Mestrado em Montessori pela Universidade da Espanha, Olivia passou ainda por graduações que, segundo ela, complementam sua visão sobre o legado de Maria Montessori, incluindo Artes (cinema, teatro, dança). Confira!

´´Conheci o Método Montessori através de pesquisas na internet em busca de algo que se encaixasse nas necessidades dos meus filhos. Eles têm atraso no desenvolvimento e eu queria entender o motivo e ver o desenvolvimento infantil sob outra perspectiva, sob outro olhar. Um olhar mais humano e real, com uma visão mais centralizada na criança.  Um método que fizesse sentido com o que eu via nas escolas e clínicas de neurodesenvolvimento infantil.

E o que me motivou muito foi o que Maria Montessori dizia sobre quando ela apontava o dedo para mostrar algo referente às crianças. Que a maioria das pessoas olhava para o dedo dela e não para o que ela mostrava: A CRIANÇA! E assim passei a olhar, para apontava o dedo e não para ele.

Maria Montessori nunca defendeu um método ou uma pedagogia. Ela se orgulhava pela forma com que observava a criança. Uma observação cientifica e objetiva. E assim eu fiz com meus filhos e pacientes. Observar para entender e para conseguir suprir o que eles precisavam e tinham genuíno interesse, sem ver suas necessidades como um obstáculo.

Então adotei os materiais e os princípios para mostrar que quando olhamos uma criança sem a rotular, de forma objetiva através de um sistema de intervenção baseado na metodologia Montessori, grandes ganhos e potência tinha o ensino e as intervenções terapêuticas.

Para entender tudo isso e poder usar na prática, fiz inúmeros cursos livres sobre desenvolvimento infantil baseados na metodologia. Todos internacionais: desenvolvimento de autonomia, sensorial, cognitivo, linguagem, movimento, educação emocional, neuroeducação, inclusiva, etc.

Senti e entendi que precisava mais e então procurei a formação de guia e fiz meu mestrado em Montessori. Foi um caminho de mergulho intenso, de olhar sempre a criança e não me perder no dedo que apontava. E aí surgiu a oportunidade de trabalhar como guia e mentora, dos meus filhos e de outras famílias.

Tudo isso tem grandes desafios, como mudar o olhar dos educadores, terapeutas, cuidadores e pais. Principalmente com a explosão de diagnósticos em TEA (autismo) e TDAH (hiperatividade), que infelizmente rotulam a criança e as alterações relacionadas ao seu desenvolvimento neurológico, que determinam sua capacidade e potencialidade inata.

Isso me preocupa muito e por isso criei um Sistema de Intervenção baseado no que acredito: MONTESSORI.  Chama-se SIM, Sistema de Intervenção Montessori. Por que é necessário olhar a criança como protagonista do seu desenvolvimento. Jamais rotular e ter a crença de que, por exemplo, um diagnóstico determina o futuro de uma criança neuroatípica (ou atípica) ou de uma criança neurotípica (ou típica).

Durante este tempo percebi que as crianças que de alguma forma passaram por Montessori, são crianças que acreditam no seu potencial, têm autoestima e ferramentas para entender mudanças de situação. Elas possuem habilidades cognitivas e emocionais para entender momentos de crises e saber que elas podem resolver problemas. Sempre digo: o problema não é o problema. E estas crianças amam os problemas, por que através da complexidade das circunstâncias, elas avançam no seu desenvolvimento. Com toda certeza são mais resilientes. Não paralisam diante de situações que “não conseguem resolver”, mas avançam para novas possibilidades. Consequência da sua normalização.

Pode parecer complexo e por isso a maioria das pessoas param em quartos com mobílias pequenas, sem conhecer de fato o Método Montessori. Virou moda!  Infelizmente, muitos profissionais ligados à educação ainda têm uma visão elitizada e preconceituosa sobre o método.  Quanto aos terapeutas ligados a intervenções com crianças com atraso no desenvolvimento, a imensa maioria jamais ouviu falar em Montessori.

É triste, por que a longo prazo, as famílias que efetivamente adotam o Método Montessori em casa terão crianças autônomas, felizes e preparadas para a vida!“

Produção de conteúdo, Paulo Prudente