Luana Vadilleti Pereira foi apresentada ao Método Montessori numa disciplina do curso de Pedagogia. No meio de tantas informações foi algo passou meio despercebido, ela confessa. Algum tempo depois, ao se mudar para Sorocaba, no interior paulista, se viu diante de uma pesquisa sobre métodos de ensino. O resultado de toda a pesquisa foi a abertura, em 2016, da Escola Montessori Semear, que Luana, hoje com 35 anos, dirige junto com o marido. Confira!
“Conheci o Método Montessori brevemente em uma matéria na faculdade de Pedagogia, mas não me atentei a ela durante meus anos de curso. Quando vim morar em Sorocaba comecei a trabalhar em uma escola construtivista e achei interessante a forma com que as crianças estavam aprendendo. Fui pesquisar mais sobre metodologias diferentes da tradicional e quando me deparei com Maria Montessori me encontrei totalmente! Parecia que ela estava traduzindo tudo o que estava em meu coração e na minha mente e que eu nunca consegui identificar. Após essa breve pesquisa na Internet fui visitar a Escola Montessori de Campinas e a Camila Isola abriu as portas da escola para eu poder observar e ter a certeza de que aquela educação era a melhor e a única escolha que queria para minha vida a partir dali.
Ali surgiu para mim um problema e ao mesmo tempo uma solução: não havia escola montessoriana em Sorocaba. Minhas opções eram mudar de cidade novamente ou abrir uma escola montessoriana. Percebi que voltar para a escola tradicional não era mais uma opção! Como eu e meu marido não queríamos mudar de cidade, mergulhamos na jornada de busca de conhecimento do Método e de como abrir uma escola no Brasil. Em 2015 iniciamos o processo de abertura da Escola Montessori Semear. Em 2016 abrimos nossas portas para atender crianças de quatro meses a cinco anos. Hoje já mudamos para um ambiente maior e estamos atualmente atendendo crianças de um ano a 5º ano.
Nossa missão é trazer uma visão de respeito, resiliência e de reflexão a crianças que serão nosso futuro. Assim como Maria Montessori, não tenho o intuito de mudar o mundo, mas sim semear boas sementes que floresçam nas crianças que por aqui passarem e para que elas possam ser seres mais conscientes do que eu sou. Pais e mães melhores para seus filhos do que eu e meu marido somos para nossas filhas. O mundo muda muito rapidamente, mas nós continuamos sendo seres humanos que codependem do mundo, da flora e da fauna. A mudança é necessária, mas deve ser feita de forma consciente e positiva para nós e para o mundo. O propósito da nossa escola é dar a oportunidade das crianças se desenvolverem com bons princípios e que consigam ver e entender o mundo como ele é.
Montessori é sobre o processo de ensino, com seus princípios, porém ele não é nada sem a FILOSOFIA! Não há como fazer Montessori. Nós precisamos SER Montessori. Assim que me debrucei a estudar as obras de Maria Montessori, a fazer cursos de formação (0 a 12 anos) ficou muito claro que precisamos pensar de uma forma diferente da qual crescemos pensando. Que para poder promover uma mudança na sociedade, nós precisamos ser os primeiros a mudar. Montessori mudou a minha visão de mundo, da maternidade, da criança e até mesmo de mim mesma. Percebo que estou em construção, que possuo defeitos, uma criança ferida dentro de mim, mas que é através de meu esforço e consciência que vou mudar tudo isso em mim. Hoje Montessori é minha vida!
Quando recebemos a notícia de que precisaríamos fazer as aulas de forma remota eu entrei em pânico. Para mim, era impensável fazer online o que fazemos presencialmente. Depois de muito conversar com a equipe, uma professora teve uma luz. Não precisamos fazer online, mas sim a distância! Criamos kits de materiais e cada criança recebeu um pedaço da escola em sua casa. Toda semana trocávamos os kits e as professoras trabalhavam por um curto período de tempo com cada criança individualmente. Orientamos os pais sobre as atividades e tudo fluiu muito bem! Hoje vemos consequências negativas desse isolamento? Sim! Mas socialmente, pois pedagogicamente as crianças conseguiram ter um bom desenvolvimento. Com o retorno, veio outro desafio: como trabalhar com todos em sala sem compartilhar o material?
Tudo isso me trouxe muito aprendizado e algumas convicções:
1 – Precisamos confiar no potencial das crianças! Elas têm habilidade de se adaptarem e absorverem o momento. Por esse motivo precisamos prover um ambiente preparado, saudável e positivo para que elas possam absorver e se desenvolverem dessa forma.
2 – Mesmo distantes podemos estar muito conectados. Eu consegui fazer muitos cursos de alto calibre em Montessori que não teria condição financeira e tempo para fazer. Hoje me sinto muito mais preparada do que no início de 2020. Fiz conexões e amizades com montessorianos ao redor do Brasil, do Chile, do México, de Portugal, da Argentina e da Austrália.
3 – Nós dependemos uns dos outros. Não podemos apenas focar no nosso umbigo, nossas ações refletem nos demais. Seguir os protocolos de higiene, o uso de máscaras, tudo isso influenciou e ainda está influenciando na possibilidade de nosso ir e vir.
Paulo Prudente, Reportagem e Texto.
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