Depois que a criança é apresentada ao Sistema de Numeração Decimal, por meio do material dourado, é necessário introduzi-la aos símbolos matemáticos que representam as quantidades experienciadas. A visão de conjunto é um material que cumpre essa função e abre horizontes à diversos trabalhos.
“Os dois materiais, das contas do sistema decimal e as cartelas da visão de conjunto, se prestam a combinações fáceis e claras que oferecem a possibilidade de um trabalho riquíssimo em exercícios e, por isso, um largo estudo. Pois, uma vez despertado o interesse, o sistema decimal apresentado dessa forma se converte em fonte de atividade” (MONTESSORI, M. Psico-Aritmética. Barcelona: Casa Editorial Araluce, 1934, p. 22-23, tradução livre minha do espanhol).
Destaco ainda que este material abarca um aspecto importante: limite de quantidade em cada ordem numérica, como controle do erro. As unidades até 9 estão grafadas com uma mesma cor (neste caso, verde) e em todas as apresentações a criança é levada a relacionar a cor com a peça concreta. Ela pode até pegar 10 unidades soltas no material dourado, mas não encontrará uma correspondência na cor verde na visão de conjunto, fazendo-a refletir e retomar a apresentação de sua/seu guia.
“As primeiras bases do sistema decimal lhes foram proporcionadas [às crianças], no período pré-elementar [corresponde, para nós, à Educação Infantil], a contar as quantidades dentro da primeira dezena e a comprovar que os símbolos que as representavam eram nove, mais o zero. Estes conhecimentos são a raiz, o fundamento, de todo o sistema decimal. A chave do sistema decimal consiste no jogo final, entre o nove e o dez. É esta chave que situa a organização das distintas ordens em um quadro sistemático interessantíssimo. Em efeito, se a quantidade nove de uma unidade é superada, não existem símbolos para representar o novo grupo e precisa começar de novo utilizando o símbolo 1. É no dez onde aparece esta dificuldade e dele a necessidade de recorrer a outro componente. O dez não, senão, um retorno a contar novamente de um a nove. (…) E assim, com nove símbolos somente se organiza o agrupamento das unidades em ordens sucessivas que podem se repetir sem limite” (MONTESSORI, M. Psico-Aritmética. Barcelona: Casa Editorial Araluce, 1934, p. 18-19, tradução livre minha do espanhol).
A organização expressa é particular riqueza, pois mostra a linha de raciocínio da autora para a criação da visão de conjunto. A prática do exercício de contagem e de relação quantidade-símbolo proporcionam possibilidades de inferências próprias à criança.
Uma parceria com Luiza Destefani (@Ser Montessori).
Deixar um comentário