“Os cursos de Guia Montessori requerem um alto investimento, fazendo com que muitas famílias ainda não tenham acesso. Assim elas acreditam que não seja algo possível de se aplicar em casa. Há muitos perfis na internet sobre o Montessori. Mesmo assim, muitas pessoas se sentem perdidas sobre como começar, por onde, qual atividade, para qual idade. Realmente os materiais não são tão acessíveis. Exige algum investimento”. A percepção é de Giulia Zon, que conheceu o Montessori em 2017 em alguns vídeos na internet, quando pesquisava sobre maternidade.
Pouco depois, quando a filha Lara já tinha oito meses, Giulia começou a praticar o método em casa e em seguida iniciou o seu primeiro curso de Guia Montessori. O primeiro de muitos, que a fizeram tornar-se guia e consultora para várias outras famílias. Aos 30 anos e morando em Taubaté-SP, Giulia anima as famílias em relação a materiais e ao investimento necessário para ter o Montessori em casa, desmistificando o que se vê na internet.
“Muito material é possível de se adaptar, então isso não se torna um empecilho na execução do método. Principalmente, porque, a vida prática, a criança inserida no cotidiano é uma das áreas mais incríveis a ser trabalhada em Montessori. E para isso não é preciso nenhum material caro”.
Hoje, Giulia vive o Montessori em sua plenitude, adotando o ensino domiciliar desde que voltou dos EUA para o Brasil, em fevereiro. A decisão veio depois de visitar muitas escolas na região onde a família mora, sem que encontrassem algo realmente bom para Lara, hoje com três anos e oito meses; e Lucca, de um ano e sete meses.
“Não gostaríamos de ver nossos filhos privados de desenvolver suas melhores habilidades em salas de aulas tradicionais. O ensino domiciliar não é fácil, ainda mais quando se tem dois filhos. Mas poder acompanhar de perto o desenvolvimento deles é incrível e eu me sinto profundamente privilegiada”, conta Giulia.
A família teve seus desafios, acentuados devido à pandemia. Por em prática o que aprendeu na teoria em diversos cursos, talvez tenha sido um dos maiores, segundo Giulia, que antes da pandemia, contava com uma escola Montessori em Atlanta-EUA.
“Acredito que a dificuldade em achar materiais de trabalho também é um grande desafio hoje. Quando a pandemia começou, eu tinha em casa um bebê de três meses e uma menina de dois anos e quatro meses passando 24 horas por dia juntos. O que foi bem desafiador no início. As escolas fecharam e eu que fazia apenas a extensão da escola, me vi em uma situação onde seria a principal responsável pela educação da minha filha naquele momento”.
Giulia conta que a pandemia fez com que ela e o marido passassem a enxergar as coisas de um outro ponto de vista. Juntos decidiram voltar para o Brasil e ficar mais perto da família. Já no Brasil, transformaram a casa em uma sala de aula. A experiência tem sido recompensadora!
“Com o ensino domiciliar em Montessori, tenho a chance de ser uma mãe melhor, tenho a oportunidade de construir bases sólidas e valores com meus filhos. Para que se tornem cidadãos de bem, que vivam em comunidade e que possam ser o início da mudança que tanto precisamos no mundo. Eu vejo um futuro incrível para eles, em que realmente possam lutar pelo que acreditam e consigam sempre aprender com seus erros”.
Aplicar o Montessori em casa, não só nas atividades familiares, mas também com o ensino das crianças, faz com que Giulia veja na pandemia um lado positivo e uma oportunidade de viver de fato a experiência que quer passar às famílias que a procuram em busca de consultoria no método Montessori.
“Ter nossos filhos em casa nesse momento nos dá a oportunidade de observá-los, de acompanhar seu desenvolvimento e de ajudá-los a encontrar seu papel na sociedade”.
Toda esta experiência você acompanhar no perfil de Giulia no instagram (@giuliaszon) e também no @justbeemoms (www.justbeemoms.com), mantido em parceria com a amiga Carolina Tancredi.
Paulo Prudente – Reportagem e texto.
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