De acordo com Montessori (2003; 2006), o segundo plano do desenvolvimento, o qual corresponde à faixa etária dos 6 aos 12 anos, é um período crucial à moralidade. Um assunto considerado complexo entre famílias e profissionais da Educação na contemporaneidade.
Ela [a criança] não será mias receptiva, absorvendo impressões com facilidade, mas irá querer entender por si mesma, não se contentando com a aceitação de meros fatos. Conforme a atividade moral vai se desenvolvendo, ela vai querer utilizar seu próprio julgamento, que com frequência será completamente diferente dos julgamentos realizados por seus professores. Não há nada mais difícil do que ensinar valores morais para uma criança dessa idade, pois ela dá um retorno imediato a tudo que nós dizemos, transformando-se num rebelde. As mães geralmente se sentem magoadas porque seus filhos, anteriormente amorosos e afetuosos, tornaram-se impertinentes e arrogantemente dominadores. (MONTESSORI, 2003, p. 12).
Será que nós adultos estamos criando expectativas sobre como nossas crianças devem agir? O desenvolvimento humano passa por processos distintos em todas as faixas etárias, nem sempre os processos são percorridos com doçura. Entre os 6 e os 12 anos, tendemos a uma necessidade de explicações diversas que muitas vezes não se dirigem só a superfície, tal busca nos fortalece, “no campo da moralidade, ela [a criança] agora está em busca de suas próprias luzes interiores” (MONTESSORI, 2003, p. 12). A moralidade não precisa ser vista como um bicho-de-sete-cabeças!
A moral contém, ao mesmo tempo, um lado prático que regra as relações sociais, e um lado espiritual que preside o despertar da consciência do indivíduo. (…) Essa tomada de consciência não traz qualquer cansaço suplementar. Leve à criança o sentimento de sua própria dignidade, ela se sentirá livre e seu trabalho não lhe pesará. (MONTESSORI, 2006, p. 34-35).
Deparar-se com a sociedade, com o que ultrapassa os limites de sua casa e escola, principalmente, perceber como e por que essa sociedade, nem sempre são ensinamentos fáceis. Um exemplo simples é: ensinamos a importância do encaminhamento correto do lixo para a preservação ambiental, mas ao caminhar pelo seu bairro a criança percebe índices de poluição na própria comunidade; é como se sentisse traída…
Diante do exposto, que pode nos levar à compreensão do processo de desenvolvimento da moralidade, confira:
Dicas práticas
- Promova momentos em que a criança possa dar seu posicionamento sobre assuntos da vida cotidiana;
- Mostre-se aberto para demonstrar interesse e compreensão as suas maneiras de pensar;
- Ao observar qualquer tipo de mazelas, sobretudo as sociais, conversem a respeito e, se for possível, façam alguma ação que possa ajudar essa situação;
- Apresente a importância dos pequenos atos para as grandes temáticas;
- Ajude-a compreender as regras e convenções sociais de cada espaço;
- Seja coerente em suas falas e atos;
- Inquietar-se, às vezes esbravejando, é uma maneira de demonstrar sua insatisfação e impotência diante de alguns assuntos, então só nos resta acolher.
Referências bibliográficas:
– MONTESSORI, Maria. Para educar o potencial humano. Tradução de Mirian Santini. Campinas: Papirus, 2003.
– MONTESSORI, Maria. Da infância à adolescência. Tradução de Sônia Maria Alvarenga Braga. Rio de Janeiro: ZTG Editora, 2006.
Referência das imagens:
– freepik.com
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