A Tábua de Pitágoras é, se não, um dos mais famosos e antigos recursos para memorização da multiplicação e tem adesão quase unânime nas escolas de todo Brasil. No entanto, a maioria a utiliza como uma tabela a ser completada pelo/a estudante, como um recurso didático.

Maria Montessori (em Pedagogia Científica e Psicoaritmetica) apresenta a possibilidade de um material dinâmico e manipulável para a prática da memorização da multiplicação a partir dessa Tábua. Isso elevou o trabalho e o material a um caráter de material de desenvolvimento e não apenas um recurso didático. A clareza de todos os detalhes postos mostra possibilidades de ampliações das oportunidades de uso.

Por que oferecer uma Tábua de Pitágoras para a memorização?

Existem conceitos matemáticos implícitos mostrando a amplitude do trabalho. Por exemplo, o simples posicionamento de uma peça em seu devido lugar oferece à criança a intuição do movimento de um plano cartesiano, algo que futuramente será retomado e aprofundado. Dando um diferencial àquele que teve acesso à referida Tábua. Em nenhum momento é dito esse conteúdo nas apresentações, mas os objetivos indiretos dos materiais (montessorianos) preparam de maneira sem igual para os trabalhos futuros.

 

Um fator importante na perspectiva montessoriana é a visão do erro.

Muitos dos materiais de desenvolvimento estão imbuídos do controle do erro de quem o utiliza. Isso quer dizer que, o material “não permite mais à criança prosseguir em seu exercício, se já foi cometido um erro essencial anteriormente; esses erros só serão evitados mediante um trabalho de aperfeiçoamento da criança; (…) Tais erros poderão ser incluídos entre aqueles que são salutares” (MONTESSORI, M. Pedagogia Científica: a descoberta da criança. Tradução de Aury Azélio Brunetti. São Paulo: Flamboyant, 1965, p. 148).

Após ser apresentado ao trabalho e se valer do referido controle, faz com que possa concluir o exercício sem a verificação ou correção de um adulto, estimulando a independência e a autonomia.

No caso da Tábua de Pitágoras (na foto), confrontar a placa de controle não só oferece o ato de conferir seu trabalho, como também instiga ao desafio de ser capaz de preencher todos os produtos utilizando somente a memória, recorrendo a essa placa o mínimo possível. Ironicamente o objetivo é não precisar dela, mas tê-la como segurança.